
Serafim segundo Yssolo, nasceu em 1992 no Cuito-Bié. Filho de Moisés Yssolo e Inês Lombe. Yssolo, “jovem sonhador”, desde tenra idade manifestou necessidade de se expressar em acções artísticas. Serafim Serlon é o nome que usou para marcar os seus primeiros passos como artista plástico. “No ventre da minha mãe já respirava o ar artístico, pois ela era desenhista”, sua avó e bisavó maternas eram artesãs. Tudo começou quando Yssolo fazia a iniciação escolar e não parecia ter habilidades artísticas, porque dependia ainda da mãe para resolução das tarefas dadas na iniciação escolar. Nesta fase, a mãe disse-lhe: *Filho, tens de aprender a desenhar, a qualquer momento poderei não estar perto de ti, e terás debilidades em desenhos. Yssolo era um menino e devido à sua inocência não levou em conta as sábias palavras da mãe. Passados meses, em 1999, Yssolo viu a sua mãe morta, atingida por um projéctil no Bié, vítima da guerra que assolou Angola em 1992. Após ter perdido
a mãe, numa pequena cidade, Camacupa, Yssolo viveu feito mendigo e para a sobrevivência dependia de alimentos dados pelo PAM aos refugiados de guerra, e na ausência das doações do PAM tinha de fazer inúmeros sacrifícios para a sua sobrevivência. Depois de muitos meses, ainda nas ruas em companhia do seu amigo de rua Dick, foram adoptados por homens do Congo que haviam invadido o Pais para a exploração diamantífera. Nesta difícil fase, começa o impacto artístico na vida de Yssolo. Tudo começa quando Yssolo sai numa bela manhã e depara com um artista de rua esquizofrénico” a fazer uma pintura magnífica no Greme, um edifício de referência na região. Neste dia, Yssolo esqueceu-se da missão que lhe foi dada pelos “pais adoptivos”. Ao ver o artista de rua a fazer aquela obra sofreu um impacto profundo, e logo se lembrou das palavras da mãe, e pós-se a chorar, depois foi atrás de carvão, e começou a sua jornada artística em traços pretos a carvão nos murais da vila.
Nos finais de 2000, Yssolo reencontra-se com os seus avós maternos através das linhas de desenho que fazia nos murais da pequena vila. A sua avó Luzia Ndumba disse que os desenhos carregam traços familiares. Então regressou à comuna do Kwanza onde viviam os seus avós, e os restantes netos. Yssolo conhece o seu pai biológico pela primeira vez, quando O mesmo foi à sua procura, e levou-o para Luanda, em 2001. Chegado a Luanda, começa a sua segunda fase de luta na estrada da vida, pois ○ seu distino era num campo de refugiados, sem certeza de nada, o menino do interior que carregava consigo o sofrimento da guerra e a sabedoria aprendida no “mato” com amigos e familiares, não foi compreendido por muitas pessoas e por isso foi perseguido, excluído socialmente e por vezes espancado por alguns vizinhos, após ter se mudado para um bairro ( caop c) onde o seu pai chegou a construir uma casa, sofreu inúmeros bullyings a desigualdade social e a solidão, em nenhum momento
desmotivaram Yssolo, que aprimorou as suas técnicas artísticas mesmo sem apoio, foi persistente e não parou de desenhar.
Depois de algum tempo, Yssolo teve contacto com diferentes materiais de desenho e pinturas, que nunca antes usou, como lápis de cor e de cera, giz, guache e aguarelas. Rapidamente Yssolo ganhou gosto pela pintura e passou a pintar os seus desenhos com aguarelas, e tintas esmaltes. Foi a desenhar os seus visinhos e amigos que Yssolo começou a ganhar notoriedade no seio em que vivia, pois fazia com tanta precisão e mestria, que parecia já um artista renomado. Em 2007 conhece um pintor chamado Vargas, o mesmo que levou Yssolo ao projecto Coopeart da Galeria Celamar na Ilha de Luanda, que teve como mentora a artista tecelã Marcela Costa. Acabou por conhecer os grandes artistas nacionais e internacionais, aqueles que só via pela televisão, em revistas e jornais.
Passou a ser visto como um talento promissor nas artes visuais, acabou recebendo experiências de certos artistas como Benjamim Sabby, Paulo Kussi, Don Sebas Cassule, o falecido Mestre Marcos Tango e António Gonga. Em 2010 Yssolo torna-se membro da UNAP – União Nacional de Artistas Plásticos. Em 2014 Yssolo é convidado a participar num grande festival de Cultura, o Fenacult. Neste ano começa a sua jornada de grafiteiro, pintando Muros na Estalagem, com influências de granfiteiros internacionais como Smog-one, Peeta, Belin e Daim. Em 2015, a convite da UNAP, Yssolo participa na Exposição Unindo Jovens e surpreende com uma peça onde usa o grafite, intitulada Rainha da Noite. A peça deu origem ao conceito e colecção Vida Sobre Restos.
A partir daî as suas obras passaram a fazer parte de colecções privadas. Em 2016 é convidado a participar na Exposição Reviver Manguxi, na Galeria dos Desportos, em Luanda. Em 2017 Yssolo inaugura a sua primeira exposição individual Vida Sobre Restos na galeria da Escom em Luanda. Não sendo as vendas o objectivo principal da Exposição, ainda assim Yssolo vendeu as 22 peças expostas, numa fase em que era difícil vender peças de arte, devido à crise económica que começou a assolar o pais em 2015. Depois de se ter firmado como artista da nova geração, procurou dar luz a jovens, que o viam como uma fonte de inspiração. Hoje Yssolo é o CO do Atelier Yssolo composto por 10 jovens artistas, frutos das suas mãos. Hoje Yssolo está dando sequência a sua carreira, apartir dos Estados Unidos da América.